Foz do Iguaçu – Ciudad del Este

Mural de escola em Foz do Iguaçu. 2010

Pela manhã permanecemos no hotel, ajustes para mais uma versão do caderno de viagem. Não pudemos nos encontrar com a Kyara conforme combinado, os horários não bateram, as impressões do caderno se prolongaram.
Fila no banco, em seguida fomos até a Foztrans, na intenção de obter um mapa detalhado da costa oeste. Matilde, uma senhora atenciosa, nos ajudou entrando em contato com a sede da instituição, papo com Priscila por telefone. Minutos depois já estávamos em contato com algumas pessoas de Itaipu, extenuante tentativa, mas nada de mapas. Somente se nos submetêssemos a burocracia institucional. Itaipu necessita de justificativas para acesso ao geoprocessamento, as instâncias públicas nem sempre compartilham.
O próximo encontro seria em Ciudad del Este, com intuito de adquirir alguns equipamentos (memórias, baterias, carregador, gravador), para as próximas documentações. Engarrafamento na ponte da amizade, cotidiano do lugar.
Já em um peculiar Paraguai, conversas pelas ruas, várias línguas e dialetos: Portunhol, Guaranhol, Chinari, Arabenhol, entre outras irreconhecíveis. Surpreendente hibridização própria dessa fronteira.
Lojas e lojas, vendedores, balconistas, camelôs, em um ambiente pra lá de orgânico. Na loja de armas e munições, uma pessoa não compreendeu meu portunhol, o objetivo era uma lanterna. Mais um comércio na zona de livre comércio.
Na saida de uma loja reservada, a qual entramos por pura curiosidade, o detector de metais apitou, um segurança solicitou que abríssemos nossa mochila.
Na volta, recém passada a ponte e enquanto passageiros de ônibus, nossa mochila foi revistada pela segunda vez, agora por um fiscal da receita. Tudo certo, rapidamente fomos liberados.
De volta em foz, algumas ligações, Fernanda nos enviaria um mapa da região. No café, entramos em contato com Amarilla, conhecido e conhecedor da região – combinamos um encontro a noite.
A conversa com Amarilla levou dois pares de horas. Sua história, com pitadas de antropologia e indigenismo em fino humor. Muitas histórias contadas, a partir da chegada de seus familiares na região do que hoje é Ciudad del Este. Fizera a pouco tempo atrás uma deriva pelo extremo sul do Paraguai, recôndito lugar, onde vivem pessoas que não conhecem Coca-Cola ou abridor de latas. Muitos Paraguais por conhecer. Muitos Guaranis por conhecer, uma das aldeias: Tekoha Añetete (Moradia de verdade).
Nos presenteou com uma revista paraguaia, na qual é colaborador. Sacou de sua bolsa alguns textos seus, escritos em letra corrida. Em uma pequena câmera, mostrou fotos e vídeos dos documentaristas japoneses – rituais guaranis apresentados ao oriente.

Conteúdo originalmente publicado em 05/01/2010 no blog Trânsitos à margem do lago da extinta página web Rede Kuai Tema de Pontos de Cultura

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