Partimos de Asunción em direção a antiga Villarrica, lá tivemos a oportunidade de conhecer um Paraguai interiorano, simples de tudo e com ruas cheias de pessoas. Villarrica foi uma das primeiras vilas da América espanhola. Dizem que ela mudou de lugar sete vezes devido a perseguições, principalmente por parte dos bandeirantes. Neste período a cidade se prepara para as festas pagãs conhecidas no Brasil como Carnaval, na praça encontramos um grupo pintando tambores para apresentação que acontecerá na próxima semana, quando las comparsas tomam as ruas. Passamos pelo mercado popular, lá observamos a movimentação dos feirantes já no término de mais um dia muito quente.
Conteúdo originalmente publicado em 30/01/2010 no blog Trânsitos à margem do lago da extinta página web Rede Kuai Tema de Pontos de Cultura
Acordamos cedo, imprimimos a nova versão do Caderno de Viagem, fomos ao posto de saúde, cambiamos reais por guaranis e ainda trocamos de hospedaria, tudo isso antes do meio dia. Na casa de câmbio, Gustavo desenha num pedaço de papel a travessia de balsa até Porto Índio e Sangafunda, localizados no Paraguai. Seu pai vive por lá. Olhando o mapa e compreendendo as rotas podemos descrever um oito, como o infinito. Após o almoço, retratamos alguns ciclistas da cidade. Sandra, muito atenciosa, nos recebeu no escritório de seu marido. Trabalha no fomento ao turi$mo, preparou uma sacola com muitos folhetos e jornais sobre os municípios da costa oeste. Falou sobre pessoas e lugares. Detalhes sobre a Coluna Prestes, opiniões sobre a Ponte Queimada. Se colocou a disposição. Tarde chuvosa, permanecemos debaixo de um toldo retratando situações molhadas. Andamos até o porto, nos informamos dos procedimentos sobre a travessia. Retornamos a cidade. Na biblioteca Mário nos mostrou muitos mapas, caras pintadas de presidentes mortos e generais esquecidos.
Conteúdo originalmente publicado em 12/01/2010 no blog Trânsitos à margem do lago da extinta página web Rede Kuai Tema de Pontos de Cultura
Chegamos em Foz do Iguaçu as 1h25 da madrugada após sobrevoarmos quase toda extensão do Paraná sob lua cheia, fato que proporcionou bonita paisagem. Sobre o lago artificial de Itaipu percebemos a dimensão noturna do monumento. No aeroporto nos encontramos com Juca, junto a ele um casal de Palotina – um amigo de infância acompanhado pela namorada. Ele nos levou até sua casa, onde conversamos até algumas horas da madrugada a respeito das nossas intenções de deriva, políticas públicas culturais, ano novo, contatos, memórias de nosso último encontro… Ao dormir pensei em voz alta fotografar as camas nas quais dormiríamos ao longo desta viagem… Pela parte da manhã na horta do quintal Seu Zé comenta sobre o lugar, descreveu um recente episódio de perseguição policial, seu desejo é não estar ali, a cidade é perigosa e bandido não perdoa. Fomos até Itaipu, uma experiência com o turismo da região. Todas as atividades são pagas, a fila imensa. Escolhemos um passeio pelo interior da usina, até a turbina, o que não aconteceu devido ao fato de não estarmos com os trajes apropriados para o percurso. Integração para o desenvolvimento. Retornamos ao centro da cidade, na intenção de encontrar um lugar para nos hospedar. Debaixo do sol, após alguns hotéis, chegamos numa pousada, Laura. Conhecemos Luis, um chileno a 12 anos no Brasil. Se identificou com nosso trabalho e mencionou seu desejo em trabalhar com conscientização ambiental – contra o tráfico de animais silvestres, selvagens, assim como instruir as pessoas que se utilizam de animais na zona urbana, cavalos sem ferradura sob o asfalto quente. Comentou do descaso das instituições. Almoçamos algo que não nos caiu bem. Decidimos ir então a segunda experiência turística do dia: Cataratas do Iguaçu. Novamente atividades pagas, filas imensas, quatis, muitas poses e registros, cachoeiras, cachoeiras, cachoeiras e a refrescante sensação causada pelas gotículas de água sobre nossos corpos. Uma senhora reconhece a tia numa das reproduções fotográficas das memórias das Cataratas, anos 40. Retornamos sob sol quente em um percurso demorado, sofrível transe. Casa de Juca novamente, onde davam início ao filme ‘Em busca da Felicidade’ e rodadas de tomate, queijo e salame argentinos. Entre outros papos a novidade: Teresa vai à China. Já no hotel San Remo, quarto 401 – o ar condicionado é agora nossa trilha sonora. Na parte de dentro da porta do guarda-roupas nota-se uma declaração.
Originalmente publicado em 02/01/2010 no blog Trânsitos à margem do lago da extinta página web Rede Kuai Tema de Pontos de Cultura